sábado, 28 de julho de 2012

“O pouco com Deus é muito, o muito sem Deus é nada...”


Neste XVII Domingo Comum o Evangelho me leva a fazer a seguinte meditação:

1-Existem dois modos de seguir Jesus:
·         O dos discípulos que sentavam ao seu redor para ouvi-lo e o tinha como único mestre, que tinham deixado tudo para segui-lo...
·          O da multidão interesseira que o procurava somente pelos milagres que ele podia realizar.
Hoje nossa cultura valoriza mais o TER que o SER e até algumas religiões surgiram somente com este objetivo.  Multidões se aproximam de Cristo, lotam as Igrejas somente pelos milagres e benefícios que os pastores prometem. As pessoas não querem ser cristãs, querem ter Cristo como um mago para suprir as necessidades.  Muitos não estão nem aí para Jesus Cristo, para a Igreja Católica, querem somente os benefícios que Cristo e a Igreja podem lhes oferecer. Um grande exemplo são os assentamentos: antes de ganhar a terra muitos eram pessoas de oração, caminhavam juntos com a comunidade, pois era o padre ou a freira quem apoiava a luta e organizava o povo. Todos se diziam religiosos, mas depois que ganharam a terra se afastaram e em alguns assentamentos das paróquias onde trabalho (Itaeté e Andaraí Bahia) se o padre entrar hoje é “expulso”.
Ø  E nós, procuramos Jesus para que? Por que participamos da comunidade? Somos discípulos que seguem Jesus de perto e o tem como único mestre ou fazemos parte desta multidão sem compromisso?
2-Jesus se antecipa às necessidades humanas. Diante de um problema para resolver ele não fez tudo sozinho, mesmo sabendo o que fazer jogou o problema também nas mãos dos discípulos: onde vamos comprar pão para alimentar esta multidão? Felipe constata a quantidade imensa de pessoas para serem alimentadas e a incapacidade de alimentar tanta gente com tão pouco. André, por sua vez, aponta uma solução: a partilha.
·         O milagre e a partilha acontecem, todos se alimentam com fartura e ainda sobra. Lembrando assim os tempos messiânicos de Isaias 49,10 onde os dons de Deus seriam derramados abundantemente sobre o povo e ninguém mais passaria necessidade. Portanto uma das finalidades deste milagre foi mostrar que de fato Jesus era o Messias esperado, o Filho de Deus.  Meus caros, diante da resposta de Felipe fica evidente que houve sim milagre e não somente a partilha. Deus realizou o milagre, mas com a colaboração humana. Se serviu dos pães e peixes que tinham à disposição para realizar o milagre.
·         Hoje há uma grande ferida aberta no seio da humanidade.
*      NO MUNDO: Segundo dados da FAO (organização da ONU para alimentação e agricultura) morrem de fome, anualmente, pelo menos 5 milhões de crianças no mundo, o que dá uma média de um óbito a cada 5 segundos. 12 crianças morrem de fome a cada minuto no mundo. Mais de vinte milhões de crianças nascem com o peso abaixo dos padrões mínimos, correndo maior risco de morte durante a infância e os que sobrevivem carregam seqüelas para o resto da vida.  
*      NO BRASIL: A tese de um aluno da Universidade Federal de Santa Catarina divulgou que: 1) 32.000.000 de brasileiros defrontam-se diariamente com o problema da fome; a renda mensal lhes garante, na melhor das hipóteses, apenas a aquisição de uma cesta básica de alimentos. 2) A quantidade diária de calorias e proteínas recomendada para cada pessoa por dia é de 2.242 Kcal e 53 gramas de proteínas. O Brasil tem uma disponibilidade de 3.280 Kcal e de 87 gramas de proteínas por habitante; 3) A fome que atinge 32 milhões de brasileiros não se explica pela falta de alimentos, mas pela má distribuição de renda e pelo desperdício. No Brasil a cada ano, cerca de 70 mil toneladas de alimentos são jogadas no lixo. 64% do que é plantado no Brasil é descartado. Enquanto Jogamos alimento fora a Cruz Vermelha aponta que existe um bilhão de pessoas que aguardando um prato de comida todos os dias.
*      Esses são os dados a nível de país, e em nosso município, em nossas comunidades será que não existem famintos? Será que pessoas não passam fome? E o que estamos fazendo por elas?
·         Jesus quer alimentar os famintos e coloca o problema em nossas mãos: onde vamos comprar pão para alimentar esta multidão? Assim como os discípulos fizeram nós também devemos fazer. Temos que estar dispostos a partilhar e não o que sobra, mas o que temos de melhor, pois o pobre não é minha lata de lixo. E ninguém é tão pobre que não tenha o que partilhar. Quem nos impede de partilhar não é nossa pobreza, é nosso egoísmo. Diz um canto muito comum em nossas comunidades que “o pouco com Deus é muito, o muito sem Deus é nada, o pouco que repartimos é fartura abençoada”.
3-Hoje encerra o mês do dízimo que é, antes de tudo, partilha. Porém o egoísmo não nos deixa partilhar. Ensinamos as crianças desde cedo a ser egoístas, a pensar só em si mesmas. Por isso a importância do dízimo mirim.
Quem faz uma verdadeira experiência de Deus tem a mesma atitude dos discípulos: reconhece Jesus como Mestre, abandona tudo para segui-lo e como o Mestre se comove diante do sofrimento da humanidade. Eis o parâmetro para que cada um analise sua caminhada de fé.

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