Santo Agostinho, tentou
compreender este inexprimível mistério. Certa vez, passeava ele pela praia,
completamente compenetrado, pediu a Deus luz para que pudesse desvendar o
enigma. Até que se deparou com uma criança brincando na areia. Fazia ela um
trajeto curto, mas repetitivo. Corria com um copo na mão até um pequeno buraco
feito na areia, e ali despejava a água do mar; continuamente voltava, enchia o
copo e o despejava novamente. Curioso, perguntou à criança o que ela pretendia
fazer. A criança lhe disse que queria colocar toda a água do mar dentro daquele
buraquinho. Note que o Santo lhe explicou ser impossível realizar esta tarefa.
Aí a criança lhe disse: “É muito mais fácil o oceano todo ser transferido para
este buraco, do que compreender-se o mistério da Santíssima Trindade”. E a
criança, que era um anjo, desapareceu... Então o Nobre Santo concluiu
que a mente humana é extremante limitada para poder assimilar a dimensão
de Deus e, por mais que se esforce, jamais poderá entender esta grandeza por
suas próprias forças ou por seu raciocínio. Só o compreenderemos plenamente, na
eternidade, quando nos encontrarmos no céu com o Pai, o Filho e o Espírito
Santo.
Resta-nos agora entender
quem é um e quem é o outro para podermos, pelo menos de longe, contemplar a
beleza do Deus Uno e Trino.
·
O PAI: não foi criado por ninguém nem
gerado. É aquele que é todo poderoso, e que criou tudo o que existe... E como
Ele amou tudo que criou, enviou ao mundo seu próprio Filho para nos salvar.
·
O FILHO: é filho só do Pai, não foi
criado por ninguém, mas gerado. É o enviado do Pai, aquele que veio ao mundo,
foi Ele que realizou essa obra de salvação, ensinando-nos o que
deveríamos e o que não deveríamos fazer para ter uma vida terrena tranqüila, e
merecer um dia a vida eterna;
·
O ESPÍRITO SANTO: não foi criado por
ninguém, é do Pai e do Filho, procede de um e de outro. É aquele que foi
prometido por Jesus Cristo aos apóstolos, para iluminá-los, encorajá-los,
transformá-los de medrosos aos gigantes iniciadores da Igreja humana. É Ele que
nos dá coragem, sabedoria, para evangelizar, e nos defende nos momentos de
perseguições, e também diante do Pai.
A criação é obra da
trindade:
·
Gn 1,2: O Espírito de Deus pairava sobre
as águas. Aqui está um indício de que a Trindade sempre existiu.
No AT Deus fala de si no
plural:
·
Gn 1,26: façamos o homem à nossa imagem e semelhança
·
Gn 3,22: se tornou como um de nós.
·
Gn 11,7: desçamos e confundamos sua língua.
É no Novo Testamento
que a Trindade é revelada plenamente, porém no AT temos um texto que antecipa
esta revelação:
·
Is 48,16 “Agora o Senhor Deus (PAI) me enviou a mim (FILHO) com seu
espírito(Espírito Santo)”.
·
Lc 1,35: “O Espírito Santo (ESPIRÍTO SANTO) virá sobre você e a força do
Altíssimo (PAI) a cobrirá com sua sombra. Por isso o Filho (JESUS CRISTO) que
vai nascer de você será chamado Filho de Deus”.
·
Jo 14,16: “E eu (O FILHO) rogarei ao PAI e ele vos dará outro Consolador
(ESPÍRITO SANTO) para que fique convosco para sempre.
·
Mt 28, 19: Ide e batizai em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
·
2Cor 13,13: Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão
do Espírito Santo estejam com todos vocês.
Não são três deuses,
não somos politeístas. É um só Deus em três pessoas. Um não é o outro, mas cada
um é Deus por inteiro. Este é o mistério.
Somos batizados em nome
da Santíssima Trindade. Em nome do Pai que nos criou, do Filho que nos salvou e
do Espírito que nos amou.
O batismo nos insere na
dinâmica da Santíssima Trindade e nos compromete com o Reino de Deus. Todo
batizado tem a missão de cuidar do que Deus criou, de lutar pela salvação da
humanidade e de ser presença do amor de Deus no mundo.
O Deus que seguimos é
um Deus que é comunidade. Que mora em comunidade, que vive em comunidade. Ensina
a viver em comunidade e que nos salva em e com a comunidade.
Caríssimos, sendo
comunidade Deus nos ensina a lutar contra o individualismo que impera hoje. Quer
nos ensinar que ninguém vive só, nenhuma das pessoas vive para si mesmo. Nós
também devemos viver assim.
A Trindade é comunhão
de amor onde cada um é quem é sem anular o outro. O amor que une cada uma das
pessoas também as distingue. O verdadeiro amor não sacrifica o outro em favor
de si, mas sacrifica-se em função do outro. Ah se nossos casais entendessem
isso.
A Trindade é a mais
perfeita comunidade, nela todas as comunidades e grupos humanos devem se
espelhar.
Hoje ouvimos o apelo de
Cristo: Ide e fazei discípulos meus todos
os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e
ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei (Mt 28,19-20). Isso não é
uma opção, é uma obrigação de quem se sente amado por Deus. Ai de mim se não
evangelizar. Que este seja o nosso principal objetivo e não outro.
O que é mesmo ser
discípulo de Jesus? É somente batizar? Doto de outra forma: será que batizar
sem critério nenhum é suficiente para tornar alguém discípulo de Jesus? O
discípulo de Jesus é aquele que observa tudo o que ele ordenou. O discípulo não
é aquele que aprende uma doutrina, mas um modo de vida.
A Trindade é puro amor
e por isso é missionária. Deus não ficou fechado em si, veio ao encontro da
humanidade comunicar seu amor. Quanto mais intenso é o amor, mais forte será o
impulso missionário em nosso coração. Vamos lutar para crescer nesta dimensão.
Lutemos para crescer na dimensão missionária. Abramos nossas portas e saiamos
em missão
Quando parecer difícil,
lembremos que Ele está conosco todos os dias até a consumação do mundo. Ele é
nossa força, é Ele quem aquece nossos corações e nos faz missionários. Jesus
não nos abandonou, continua presente em entre nós. É uma presença invisível,
porém real e concreta.
Jesus está presente em
nossa vida, seja nos momentos de angustia, seja nos momentos de felicidade. Ele
é presença constante, está na liturgia da palavra e na Eucaristia. Está no
outro, principalmente nos pobres, humilhados e pequenos. O que fizerdes a um desses pequeninos foi a mim que o fizestes (Mt
25,40).
A Trindade armou sua
tenda entre nós. Sua tenda é a comunidade! É o outro! É o pobre! Ajudai-nos
Senhor a perceber a sua presença em meio a esta cultura que tenta anular-Te. Que
nos momentos de angustia e fracasso possamos o caloroso abraço do Deus Uno e
Trino. Amém!
Erivaldo Gomes de Almeida
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