sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

EM JESUS DEUS REVELA SUA MISERICÓRDIA PARA COM A HUMANIDADE

1-Quando olhamos para a história do Povo de Deus, percebemos por um lado a misericórdia de Deus e por outro o pecado e a infidelidade do povo. Apesar da infidelidade, Deus não se esquece do povo que escolheu para Si. Através de nossas fraquezas podemos perceber a presença misericordiosa de Deus.

Diante da possibilidade de castigar o Seu povo, Deus não o faz, antes, revela-se como aquele que está sempre disposto a perdoar: “Meu coração se comove dentro de mim, meu intimo freme de compaixão. Não darei largas ao ardor da minha ira” (Os 11,8-9).

2-A primeira leitura (Is 43,18-19.21-22.24b-25) é um lindo poema que delineia a relação entre Deus e o seu povo. Deixando evidente que Deus sempre nos oferece a possibilidade de refazer a nossa história. Não importa o que tenha feito no passado, importa o que estamos dispostos a fazer daqui para frente. Quando Jesus perdoava e acolhia os pecadores, ele não trazia à tona o passado destas pessoas para dar-lhes lição de moral, apenas as acolhia com amor. Quando Deus perdoa, não fica com ressentimentos, perdoa de verdade. É isso que ele quer fazer com cada um e nós, é isso que devemos fazer com as pessoas que vêm até nós em busca da reconciliação com Deus. Quando ficamos apegados somente ao nosso passado pecaminoso colocamos em nossa frente uma barreira que nos impede de reescrever nossa história a partir do encontro com Cristo.

3-No evangelho (Mc 2,1-12) encontramos uma cena no mínimo curiosa e cheia de simbolismos: Jesus em uma casa ensinando em meio a um aglomerado de pessoas. Um grupo que traz um paralítico e não encontrando espaço para aproximar-se de Jesus supera todas as barreiras e entra pelo teto.

4-Neste episódio, o evangelista Marcos apresenta Jesus revelando sua verdadeira identidade. É no Filho que o Pai revela sua face misericordiosa. Vejamos três pontos que revelam a divindade de Jesus:

· Jesus perdoa os pecados daquele homem e provoca burburinhos de que está blasfemando. Só Deus tem o poder de perdoar os pecados e Jesus, diferentemente dos profetas que tudo faziam em nome de Deus, o faz em nome próprio, usando sempre a primeira pessoa, mostrando que Ele e o Pai são um. Quem me vê vê o Pai.

· Jesus percebe o que estão pensando em seu íntimo e antes que digam qualquer coisa os provoca. Eis mais uma qualidade divina. Só Deus conhece o mais profundo do ser humano. Só Ele tem o poder de perscrutar o interior do nosso coração.

· Ele cura o enfermo.

ü Diante destas ações de Jesus, os presentes perceberam que não estavam diante de um homem comum, nele existia algo extraordinário.

ü Jesus se revela não somente através do que diz, mas, sobretudo, através de seus atos.

5-Os milagres não são um fim em si mesmo. Jesus os usa como sinais para que as pessoas pudessem conhecer quem ele era. Hoje muitas pessoas buscam os milagres em proveito próprio, somente para serem beneficiadas pelo poder de Deus. Na bíblia a principal função dos milagres era revelar que em Jesus Deus operava. O grande milagre que Cristo realiza é a nossa salvação, portanto, a cruz! A cruz é o grande e o maior milagre de Deus, foi no alto da cruz que ele foi reconhecido como Deus pelo centurião romano: de fato ele era mesmo filho de Deus (Mc 15,39).

6-Chama-nos atenção ainda neste evangelho, a atitude dos amigos que levaram este homem a Jesus. Como foi difícil carregar a cama com este moribundo e ainda escalarem o telhado para que o paralítico chegasse perto de Jesus. Esta operação não foi nada fácil, poderiam cair ou mesmo serem considerados invasores e serem expulsos pelos que rodeavam Jesus.

A este gesto amoroso destes homens Jesus chama de fé. A fé acontece quando o amor se transforma em serviço. A fé acontece quando existe um amor que se transforma em serviço. Interessante que Jesus cura este homem por força da súplica de terceiros, sem que este manifeste sua fé. Podemos afirmar que nossa fé é autêntica quando somos capazes de fazer de tudo que estiver ao nosso alcance para que outras pessoas possam ter vida e vida em abundância.

Ao chegar à casa onde Jesus estava, estes homens encontraram barreiras que os impediram de aproximar-se. Entre as pessoas que se constituíram em barreiras estavam os fariseus. Hoje não é diferente, muitos fariseus modernos e piedosos tomam conta das comunidades e com seus moralismos, impedem que os “pecadores” se aproximem de Jesus. A comunidade que deve ser uma ponte entre Cristo e as pessoas, pode também ser uma barreira! Como é a nossa comunidade, é uma barreira ou uma ponte? Ela permite que as pessoas se aproximem de Jesus?

7-O exemplo de comunidade hoje são os quatro homens, comunidade pequena que é solidária com os sofrimentos alheios. Comunidade pequena que vence as barreiras e conseguem aproximar-se de Jesus. Os quatro são uma referência para as nossas comunidades, onde muitas vezes falta-nos o amor e a fé, para carregar nossos paralíticos e superar os obstáculos, passando por cima dos preconceitos.

Caros irmãos, diante dos problemas e dificuldades da vida, Jesus pode parecer distante e as barreiras podem ser muitas e intransponíveis, temos então que acredita e buscar saídas alternativas. Sempre podemos dar um jeito.

Este evangelho nos mostra que quem tem amigos têm um tesouro, tem a chave da felicidade. Não foram os familiares que levaram este homem para ser curado, foram os amigos. Talvez os parentes eram religiosos, fiéis à lei e como a doença era considerada conseqüência do pecado, excluiu aquele membro do convívio familiar. Quantas vezes nossas famílias excluem aqueles que por algum motivo não vivem do jeito dos demais?

8-É interessante que quando o homem é curado, Jesus o envia à sua casa, à sua família. Com certeza Cristo quis reestruturar aquela família. É no seio da família que devemos ser acolhidos. Nossas famílias hoje são espaços de acolhida ou de exclusão? Como tratamos os membros que por um ou outro motivo se desviaram? A própria família não poderia ter levado aquele homem para encontrar Jesus? Se os amigos o fizeram foi por que a família se omitiu.

Sou padre Andaraí e Itaetê, Ba. Em Itaetê tenho percebido que algumas famílias e a população em geral não dão a mínima atenção para com alguns membros, principalmente os loucos, os idosos e os doentes, os que mais precisam de cuidado. É preciso que alguém de fora faça alguma coisa por eles. Graças a Deus alguém que veio como freira, deixou a congregação e ficou como missionária faz essa função de chamar à responsabilidade as pessoas.

O que seria destas pessoas se não fossem os amigos? Quando somos amigos de Deus automaticamente nos tornamos amigos da humanidade! Uma boa semana para todos!

Pe. Erivaldo Gomes de Almeida

eri_gomesseminarista@yahoo.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário