Caríssimos, foi dolorido para mim preparar uma meditação para este dia, tinha vontade de falar sobre algo sublime em nossa vida, porém, as palavras pareciam insuficientes de modo que passei horas em silêncio sem conseguir escrever palavra alguma.
Quero falar sobre a experiência mais profunda que um ser humano pode fazer: o AMOR. Fui motivado pela parábola do Filho pródigo. (Cf. Lc 15,11-32). Enquanto meditava esta passagem bíblica, um crucifixo golpeou meus sentidos e vi nele um homem de braços abertos, a experiência foi tão profunda que fui além do sofrimento desumano da cruz, vi naquele homem o amor e percebi que aqueles braços estendidos me abraçavam. O indizível tomou conta de mim de tal modo que uma lágrima solitária lentamente regou meu rosto até fecundar o chão.
A melhor palavra para dizer algo sobre o amor, é o silêncio e a contemplação. Quando estamos diante do amor, nossas palavras se vão. Assim é com um casal que se ama. Quando a nossa oração é profunda, silenciamos para experimentar Deus. Os rios mais profundos são silenciosos, a carroça só faz muito barulho quando está vazia. Assim somos nós em nossa oração. Quanto mais silenciosa é nossa oração, mais profunda ela é.
Se alguém me pedir para definir o cristianismo, o definirei como sendo o a religião do amor. O Deus dos cristãos é o amor, e os fiéis são chamados a viver neste amor. Assim como o sol não se cansa de iluminar o universo, Deus não se cansa de derramar seu amor sobre a criação diariamente.
Mas como perceber este amor de Deus em meio à correria do dia-a-dia? Onde e como podemos perceber o amor de Deus no mundo? Certamente não é buscando experiências fora do normal, mas percebendo a profundeza da obra da criação que toda ela é amor. Para muitos o desabrochar de uma rosa é simplesmente um fenômeno normal, mas para quem olha com os olhos da fé, ali está o milagre da vida! Somos diariamente preenchidos pelo amor de Deus em coisas pequenas diante dos homens, mas imensas para Deus, seja quando alguém nos deseja um bom dia ou quando vemos o cantar dos pássaros a embalar nossos ouvidos diariamente.
Deus ama cada criatura e ainda mais os homens, como é bom saber que tem um Deus que me ama incondicionalmente! Ele não olha para as nossas fraquezas e limitações ou pecados, Ele simplesmente nos ama por que somos quem somos. Não importa se é bandido ou santo, prostituta ou virgem, Deus ama a cada pessoa pela sua própria natureza e não pelo seu fazer.
o ser humano para se realizar plenamente precisa fazer a experiência de amar e ser amado. É Deus quem nos ama primeiro e é ele que deve ser o nosso principal objeto de amor. Em seu amor, Jesus muitas vezes tocou as pessoas e as transformou, o Evangelho nos convida a permanecer neste amor já aqui na terra.
Um dos testes para conhecer se alguém conhece a Deus é perceber a capacidade que esta pessoa tem de amar, pois “o amor vem de Deus, e quem ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conheceu a Deus, pois Deus é amor”. 1Jo 4,7.
Somos convidados a viver no amor, pois assim viveremos em Deus, e superaremos as divisões que tanto mal causam à humanidade. Quando estamos perto de alguém que simplesmente ama, o nosso coração se derrete em amor pois sabemos que estamos diante de alguém que nos acolhe como somos. A presença dessas pessoas nos faz sentir bem: irradiam amor e nosso coração se abre sem reservas sem nada ocultar.
O amor humano é uma centelha do amor de Deus, quem o sente de certa maneira está sentindo o amor de Deus.
Erivaldo Gomes
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